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Matriz de desenvolvimento baseada na competência em informação para as atividades museológicas

Atualizado: 9 de dez. de 2022

por Cláudia Maria Alves Vilhena Célia da Consolação Dias*


A informação nos museus está presente em todas as ações que perpassam a cadeia museológica, uma vez que a informação é crucial para a prática diária do trabalho da equipe de trabalhadores das instituições museológicas.

Fonte: Banco de imagens Wix (2022).


A cadeia operatória museológica (salvaguarda e comunicação) é precedida e sucedida do insumo informacional para sua realização. Nesse aspecto, vale lembrar que o museu é uma Unidade de Informação (UI), pois produz e consome informação seletivamente em todos os contextos teóricos e operacionais (LOUREIRO, 2008). Em que pese, é oportuno destacar que os museus são muito mais que organizações e/ou unidades de informação, ainda que seja isso em parte.


A equipe de trabalhadores de museus (diretores e funcionários), ao fazerem uso do insumo informação como recurso estratégico para as ações museais têm necessidades de informação para solucionar questões alusivas a uma tomada de decisão mais acertada. Choo (2003) afirma que a necessidade de informação aparece quando o indivíduo reconhece lacunas em seu conhecimento e na sua capacidade de dar significado a uma experiência. Já nos estudos de Gasque e Costa (2003), as autoras defendem que a necessidade informacional é “[...] um déficit de informação a ser preenchido e que pode estar relacionado com motivos psicológicos, afetivos e cognitivos” (GASQUE; COSTA, 2003, p. 55).


Desse modo, o objetivo da investigação, resultado de uma pesquisa de doutorado (VILHENA, 2022), foi apresentar uma matriz de desenvolvimento baseada na competência em informação como contribuinte para o exercício das atividades museológicas.


Para Santos e Yafushi (2014), a função do profissional da informação no contexto organizacional é de extrema importância, devido ao grande fluxo de informações a que as empresas são expostas. Cabe a esse profissional organizar e mediar as informações, a fim de saber e, sobretudo, avaliar o estoque de informação (SANTOS; YAFUSHI, 2014). Nessa inferência de pensamento, o desenvolvimento de competência do corpo de funcionários do museu ocorre quando eles reconhecem suas necessidades de informação e percebem que a informação precisa e completa é a base para a tomada de decisão inteligente, conforme Valentim, Jorge e Ceretta-Soria (2014). Na afirmação desses autores, pessoas competentes em informação sabem como buscar, avaliar e utilizar informação em suas atividades diárias.


Sendo assim e de modo a contribuir no desenvolvimento, qualificação ou aprimoramento da competência da equipe de trabalhadores dos museus em relação ao manuseio da informação, a competência em informação se apresenta como “um movimento social e científico que investiga os processos referentes à busca, ao acesso, à avaliação, à comunicação e ao uso da informação” (VITORINO; LUCCA, 2020, p. 22). Destaca-se que a competência em informação tem uma função social importante para todo e qualquer tipo de sociedade, por causa disso, a competência em informação extrapola os limites da biblioteca (VALENTIM; JORGE; CERETTA-SORIA, 2014; BELLUZZO, 2020).


A metodologia do estudo partiu de uma revisão de literatura dos termos necessidade de informação, cadeia operatória museológica e competência em informação, seguida da criação e apresentação de um modelo de matriz de competência em informação para o desenvolvimento das ações museológicas institucionalizadas e carregadas de informação, cujo intuito é minimizar as necessidades de informação do profissional de museu. Contudo, vale frisar que a necessidade de informação é constante e mutável.


Os achados da pesquisa, entre outros aspectos, observaram que a prática diária do trabalho nos museus está diretamente ligada ao uso ético e responsável da informação por toda a equipe de trabalhadores dos museus (direção e funcionários), o que reverbera em um saber fazer, saber envolver-se, saber agir e reagir. Saber aprender a aprender e, por último ver além. Em razão disso, vislumbra-se a importância de um clima organizacional favorável ao desenvolvimento do conhecimento coletivo e continuado nos espaços museais, como pode ser observado na Matriz. Figura 1:


Figura 1 – Matriz de desenvolvimento baseada na Competência em informação para as atividades museológicas

FONTE: Adaptado pela autora de Wenger (1999), Perrenoud (1999; 2003); Le Boterf (2003); Vitorino; Piantola (2011; 2019).


Como conclusão, a pesquisa identificou que a utilização do modelo genuíno de competência em informação usado na Matriz e que está apresentado nesse estudo não é único, inflexível, permanente e fechado em si mesmo. Muito pelo contrário, a matriz, para ser elaborada, deve sempre atender às necessidades de informação da equipe de trabalhadores do museu, bem como da própria instituição museal. Para tal, faz-se necessária a aplicação de diagnósticos como ponto de partida, com o intuito de examinar a real situação de cada museu.


Referências


CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as empresas usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Senac, 2003. Disponível em: https://lucianabicalho.files.wordpress.com/2013/09/choo-chun-wei-a-organizac3a7c3a3o-do-conhecimento.pdf. Acesso em: 06 abr. 2022.


GASQUE, K. C. G. D.; COSTA, S. M. de S. Comportamento dos professores da educação básica na busca da informação para formação continuada. Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 3, p. 54-61, set./dez. 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v32 n3/ 19024.pdf. Acesso em: 22 out. 2021.


LE BOTERF, G. Desenvolvendo a competência dos profissionais. 3. ed. rev. e ampl. Porto Alegre: ARTMED, 2003.


LOUREIRO, J. M. M. A Documentação e suas diversas abordagens: esboço acerca da unidade museológica. In: GRANATO, Marcus; SANTOS, Claudia Penha dos; LOUREIRO, Maria Lucia N. M. (Orgs). Museu de Astronomia e Ciências Afins. Rio de Janeiro: MAST, 2008.


SANTOS, V. C. B dos; YAFUSHI, C. A. P. A importância da competência em informação nas organizações como diferencial em ambientes de negócios. In: SEMINÁRIO DE COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO – cenários e tendências. 2014. 3., Marília. Anais... Marília: UNESS.1 CD-ROM.


VALENTIM, M. L. P., JORGE, C. F. B., CERETTA-SORIA, M. G. Contribuição da Competência em informação para os processos de gestão da informação e do conhecimento. In: SEMINÁRIO DE COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO – cenários e tendências. 2014. 3., Marília. Anais... Marília: UNESP.1 CD-ROM.


VILHENA, C. M. A. Competência em informação dos profissionais que atuam em museus: contribuição com os fazeres museológicos em inter-relação com a aprendizagem e a comunidade prática. 2022. 279p. Tese (doutorado) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/46314. Acesso em: 03 dez. 2022.


VITORINO, E. V; PIANTOLA, D. Dimensões da Competência em informação. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 40, n. 1, 2011, p. 99-110, jan./abr. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1328/1507 . Acesso em: 01 abr. 2020.


VITORINO, E. V; PIANTOLA, D. Competência em informação: conceito, contexto histórico e olhares para a ciência da informação. Florianópolis: UFSC, 2019, 205 p.


VITORINO, E. V. As dimensões da competência em informação. In: VITORINO, Elizete Vieira; DE LUCCA Djuli Machado (Orgs.). As dimensões da competência em informação: técnica, estética, ética e política. 2020, p. 51-70. Disponível em: https://issuu.com/edufro /docs/as_dimensoes_da_competencia_em_informacao. Acesso em: 14 out. 2021.


WENGER, E. Communities of practice: learning, meaning, and identity. Cambridge: University,1999. 318 p.

Agradecimentos: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.

*Dados biográficos das autoras

Cláudia Maria Alves Vilhena é doutora em Gestão & Organização do Conhecimento no Programa de Pós-graduação em Gestão & Organização do Conhecimento – PPGGOC/UFMG . Mestra em Ciência da informação no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação – PPGCI/UFMG e Museóloga na Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais. Bacharel em Ciências Contábeis – UNA.

Célia da Consolação Dias é doutora em Ciência da Informação pela UFMG. Professora Associada da Escola de Ciência da Informação da UFMG e Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Gestão & Organização do Conhecimento da UFMG. Coordenadora Grupo de Pesquisa em Representação de Conhecimento e Recuperação da Informação. Meus interesses de contemplam as temáticas relacionadas com a organização da informação; organização do conhecimento, serviços de informação para fins de recuperação da informação, repositórios digitais, organização da informação e divulgação científica e competência informacional de profissionais de museus.

 

Como citar:

VILHENA, Cláudia Maria Alves; DIAS, Célia da Consolação. Matriz de desenvolvimento baseada na competência em informação para as atividades museológicas. Ciência da Informação Express, Lavras, v. 3, 8 dez. 2022.

 

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