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Como as métricas alternativas podem ajudar a compreender a dinâmica da produção científica na LATAM

Atualizado: 19 de fev. de 2022

por Ana Carolina Spatti, Paulo Roberto Cintra, Adriana Bin e Ronaldo Ferreira Araújo*


Press Release


A altmetria aplica métricas alternativas, baseadas em atividades online, para avaliar a produção científica. Essas métricas podem ajudar a compreender a dinâmica de circulação e disseminação da produção científica de pesquisadores, instituições, países e regiões.

Fonte: Banco de imagens Wix (2022)


Trata-se de um subcampo dos estudos métricos da informação, baseado em indicadores construídos a partir da atenção online recebida por documentos científicos em diferentes fontes da Web Social (e.g., menções a artigos em redes sociais, blogs, gerenciadores de referências e portais de notícias) (GONTIJO; ARAÚJO, 2021a, 2021b; JENKINS, 2021).


O uso dos dados altmétricos pode complementar a análise proporcionada pelos indicadores bibliométricos tradicionais, uma vez que a altmetria visa captar tanto o interesse de pesquisadores quanto do público em geral acerca do conteúdo acadêmico em esferas que ultrapassam o campo científico (EYSENBACH, 2011; CINTRA; COSTA, 2018; ARAUJO; ALVES, 2019; GONTIJO; ARAÚJO, 2021b).


Nesse contexto, no estudo de Spatti e outros autores (2021), as métricas alternativas foram utilizadas para avaliar a produção científica da América Latina. A região caracteriza-se por apresentar menções na Web Social em 58% de seus periódicos e 13% dos artigos publicados entre 2015 e 2018 na Rede SciELO.


Foram analisados três indicadores: penetração (cobertura da altmetria para artigos e periódicos), inserção (ocorrência de menções dos próprios países nos quais as publicações se originaram e de outros países da AL) e internacionalização (ocorrência de menções em outros países que não os da América Latina e frequência de artigos mencionados em língua inglesa). Com base nestes indicadores propostos pelos autores, foi possível identificar cinco grupos de países, conforme apresentado na Figura 1.


Figura 1 - Grupos de países da AL, identificados a partir dos indicadores altmétricos

Fonte: Spatti et al. (2021)


O primeiro grupo é formado apenas pelo Brasil e evidencia: alta penetração, tanto em termos de periódicos quanto de publicações; alta inserção, e alta internacionalização.


O segundo grupo é formado por Chile, Colômbia e Costa Rica, países cujo comportamento altmétrico revela: média penetração (porcentagem de periódicos com menção maior que a mediana da região e porcentagem de artigos com menção próxima à mediana da região); alta inserção e média internacionalização.


O perfil mais moderado em todos os aspectos caracteriza o Grupo 3, composto por Peru e México. A Argentina sozinha compõe um quarto grupo, que se diferencia dos demais por ter baixa penetração, com baixa porcentagem de artigos e periódicos em comparação à mediana da região; baixa inserção, pela baixa porcentagem relativa de auto-menção; e, finalmente, alta internacionalização. Um quinto e último grupo agrega Equador, Venezuela, Uruguai, Cuba, Bolívia e Paraguai, países com baixa penetração.


A identificação desses agrupamentos com base em características de penetração, inserção e internacionalização, é um ponto de partida importante para se pensar estratégias (seja em nível de pesquisador, periódico, instituição ou país) para ampliar o alcance e a influência da produção científica latino-americana.


Muitos dos títulos analisados da Rede SciELO não possuem o identificador digital único (Digital Object Identifier - DOI), o que acaba limitando a recuperação dos dados altmétricos. Além disso, há editoras não se utilizam das redes sociais como plataforma para divulgação científica dos artigos publicados por seus periódicos. Conforme Bomfá et al. (2009), o emprego do marketing científico por pesquisadores e editoras contribui para ampliar a visibilidade dos documentos acadêmicos.


Para ler o artigo na íntegra, acesse:

​SPATTI, A. C.; CINTRA, P. R.; BIN, A.; ARAÚJO, R. F. Métricas alternativas para avaliação da produção científica latino-americana: um estudo da rede SciELO. Informação & Informação, [S. l.], v. 26, n. 2, p. 596-624, 2021. DOI: 10.5433/1981-8920.2021v26n2p596. Acesso em: 17 jan. 2022.

Referências


ARAUJO, R. F.; ALVES, M. Indicadores altmétricos da produção de pesquisadores brasileiros: análise dos bolsistas de produtividade do CNPq. Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação, Brasília, v. 12, n. 3, p. 850-862, set./dez. 2019. DOI: https://doi.org/10.26512/rici.v12.n3.2019.17203


BOMFÁ, C. R. Z.; FREITAS, M. C. D.; SILVA, L. J. O.; BORNIA, A. C. Marketing Científico Electrônico: um novo conceito voltado para periódicos electrônicos. Estudos em Comunicação, n. 5, p. 193-215, maio 2009.


CINTRA, P. R.; COSTA, J. O. P. Altmetria: questionamentos ao paradigma vigente para avaliação da produção científica. Informação & Informação, [S. l.], v. 23, n. 3, p. 160-176, set./dez. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2018v23n3p160.


EYSENBACH, G. Can tweets predict citations? Metrics of social impact based on Twitter and correlation with traditional metrics of scientific impact. Journal of Medical Internet Research, [S. l.], v. 13, n. 4, 2011. DOI: 10.2196/jmir.2012.


GONTIJO, M. C. A.; ARAÚJO, R. F. Atenção on-line do artigo “Information as thing” de Michael K. Buckland. Ciência da Informação Express, [S. l.], v. 2, n. 6, 8 jun. 2021a. Disponível em: https://www.cienciadainformacaoexpress.com/post/aten%C3%A7%C3%A3o-on-line-do-artigo-information-as-thing-de-michael-k-buckland. Acesso em: 22 dez. 2021.


GONTIJO, M. C. A.; ARAÚJO, R. F. Inteligência artificial: impacto acadêmico e social de sua produção científica. Ciência da Informação Express, [S. l.], v. 2, n. 4, 1 abr. 2021b. Disponível em: https://www.cienciadainformacaoexpress.com/post/intelig%C3%AAncia-artificial-impacto-acad%C3%AAmico-e-social-de-sua-produ%C3%A7%C3%A3o-cient%C3%ADfica. Acesso em: 22 dez. 2021.


JENKINS, D. O que são métricas responsáveis? Tradução livre por Leonardo Silveira Paiva. Ciência da Informação Express, [S. l.], v. 2, n. 1, 25 jan. 2021. Disponível em: https://www.cienciadainformacaoexpress.com/post/o-que-s%C3%A3o-m%C3%A9tricas-respons%C3%A1veis. Acesso em: 22 dez. 2021.


Doutora em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Mestre em Ciências Humanas e Sociais (Unicamp). Bacharel em Gestão de Políticas Públicas e em Administração (Unicamp). Pesquisadora associada do Laboratório de Estudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação (Lab-GEOPI).

E-mail: anaspatti@ige.unicamp.br


Doutorando em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas. Mestre em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal de São Carlos. Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo e Biblioteconomia pelo Claretiano Centro Universitário. Tem experiência nas áreas de acesso aberto, avaliação da produção científica, estudos cientométricos e de colaboração científica.



Doutora em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas. Docente da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA/UNICAMP). Coordenadora associada do Laboratório de Estudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação (Lab-GEOPI).



Doutor e mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi professor visitante no Departamento de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto. Professor e Vice-Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI/UFAL) e Professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais (PPG-GOC/UFMG). Líder do Laboratório de Estudos Métricos da Informação na Web (Lab-iMetrics).

E-mail: ronaldfa@gmail.com

 

Como citar


PATTI, A. C.; CINTRA, P. R.; BIN, A.; ARAÚJO, R. F. Como métricas alternativas podem ajudar a compreender a dinâmica da produção científica na América Latina. Ciência da Informação Express, [S. l.], v. 3, n. 1, 17 jan. 2022.

 

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