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Acesso Aberto em Portugal

Atualizado: 9 de jul. de 2021

Resenha

SARAIVA, R.; RODRIGUES, E. Open Access in Portugal. In: ANGLADA, L.; ABADAL, E. (Eds). Open access in Southern European countries. Madrid: FECYT, 2010, p. 83-99. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/66170. Acesso em: 21 jun. 2021.

Por Rosangela da Silva Gomes


Fonte: Anglada e Abadal (2010)

O livro intitulado Open access in Southern European countries trata no sexto capítulo sobre Open Access in Portugal, dos pesquisadores portugueses Ricardo Saraiva e Eloy Rodrigues, elaborado por diversos estudiosos na área de Acesso Aberto na Europa e editado por Lluís Anglada e Ernest Abadal (2010). Os autores do texto apresentam um panorama geral do acesso aberto em Portugal, destacando seu histórico. Afirmam que, até algumas décadas atrás, em Portugal, da mesma forma que na maior parte dos países europeus, não existia um método ou ferramenta eficaz de publicação e armazenagem de arquivos de carácter acadêmico, situação que pode ser explicada pela taxa de produção do país, que até 1990 tinha menos de 1.000 textos acadêmicos publicados.

Conforme os autores, no início do novo milênio, um dos maiores desafios de Portugal no que se refere a espaços acadêmicos de forma geral e, mais especificamente, ao desenvolvimento de pesquisas, foi elevar a taxa de publicação, como uma estratégia de modernização e de melhoramento da qualidade da educação superior, bem como do sistema científico do país.


Assim, Portugal situou-se como o segundo país no continente europeu com maior quantidade de publicações acadêmicas − apenas atrás de Luxemburgo − entre o ano 2000 e o ano 2008, sendo que sua produção se incrementou em mais de 135%, superando outros países da região europeia, como Grécia, Espanha, Itália, Alemanha, França, entre outros, o que demonstra fundamentalmente a preocupação do país no incentivo ao desenvolvimento científico, tecnológico e acadêmico.


O desenvolvimento e a evolução do acesso aberto em Portugal deveram-se ao trabalho de diversas instituições de educação superior, que se basearam na iniciativa da Universidade de Minho, conhecida como o RepositórioUM, para criarem seus próprios repositórios universitários.


Dessa forma, a Universidade de Minho foi considerada pioneira na Europa, principalmente em torno à busca pela ampliação da produção acadêmica portuguesa e pelo acesso aberto à informação, questão reforçada posteriormente com a assinatura da Declaração de Berlin sobre o Acesso Aberto ao Conhecimento em Ciências e Humanidades.


A assinatura dessa Declaração fez com que a Universidade de Minho se tornasse um exemplo para outras instituições e organizações, a se comprometerem com o Acesso Aberto, por meio da CRUP (Conferência de Reitores das Universidades Portuguesas), realizada com a ajuda de diversas organizações mundiais, de países como Espanha, Brasil, Inglaterra, Hungria, Holanda, Armênia, Moçambique e Japão.


Assim, até o momento da publicação do documento (Open Access in Portugal, 2010) existiam no país 25 Repositórios Institucionais, que reuniam em torno de 42.400 documentos científicos, dos quais 44% eram artículos científicos, 30% teses doutorais e dissertações, 12% documentos resultantes de congressos, conferências e outros eventos acadêmicos, e 14% eram referentes a outros tipos de documentos.


Percebe-se ao longo do texto que uma das principais vantagens que possuem as instituições educativas com repositórios próprios e com políticas de autoarquivo é a visibilidade e posicionamento no Ranking Webometrics das Universidades do Mundo, o que lhes permite dar a conhecer sua qualidade relativa no que se refere à produção de conhecimento.


Dessa forma, tem se gerado uma consciência generalizada dentro das instituições acadêmicas (e inclusive fora delas) por incentivar o acesso aberto à informação, o que tem permitido um avanço significativo em seu desenvolvimento, sendo ressaltada a importância de mostrar, tanto à comunidade acadêmica quanto a população de forma geral, os “produtos” gerados por meio do trabalho dos pesquisadores.


Os autores da pesquisa concluem que, mesmo que a produção e a publicação científica em Portugal tenham sido crescentes nas últimas duas décadas, sendo que mais de 6.600 documentos são publicados por revistas internacionais indexadas e mais de 13.300 são publicados por outras revistas não referenciadas pelo ISI (International Scientific Indexing – Indexação Científica Internacional), ainda é evidente a falta de confiança que possuem as diversas organizações e instituições para o desenvolvimento e exposição dos produtos acadêmicos e investigativos no território português.


Em relação aos repositórios institucionais, a conclusão dos autores é que, ao mesmo tempo que as revistas, surgem com uma grande evolução e acolhida da implementação de diversas ferramentas de comunicação e informação envolvendo repositórios, esse avanço tem sido impulsionado, em grande medida, pela declaração do CRUP sobre o acesso aberto e pelas políticas de manejo da informação na maior parte das universidades de Portugal.


Destaca-se, nesse sentido, a necessidade de incentivar o acesso aberto às publicações acadêmicas, até mesmo para permitir o reconhecimento do trabalho dos autores e a visibilidade das instituições que participam no desenvolvimento dessas pesquisas.


Percebe-se que a pesquisa desenvolvida pelos autores se encontra devidamente argumentada para defender a importância do acesso aberto, pois se fundamenta em outras pesquisas e resultados estatísticos, demonstrando sua pertinência. Nesse sentido, recomenda-se a leitura do texto por todos os pesquisadores, estudantes e profissionais interessados nas temáticas de acesso aberto e repositórios institucionais.


Referências


MELIS, M. F. M. dos S. Acesso aberto aos dados de pesquisa nas universidades brasileiras e os indicadores de CT&I. 2018. 104 f. Dissertação (Mestrado em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação) – Universidade de Brasília, Brasília, 2018. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/34537. Acesso em: 10 nov. 2020.


PUYUELO, L. T. Análisis de la visibilidad científica con la implantación de aplicaciones de publicación en abierto. 2016. 110 f. Dissertação (Mestrado em Gestão da Informação) – Universitat Politècnica de València, Valencia, 2016. Disponível em: https://riunet.upv.es/handle/10251/71802#. Acesso em: 10 nov. 2020.


SARAIVA, R.; RODRIGUES, E. Open Access in Portugal. In: ANGLADA, L.; ABADAL, E. (Eds). Open access in Southern European countries. Madrid: FECYT, 2010, p. 83-99. Disponível em: http://hdl.handle.net/1822/66170. Acesso em: 10 nov. 2020.


Dados biográficos da autora

*Rosangela da Silva Gomes é mestranda em Ciências da Documentação e Informação pela Universidade de Lisboa. Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. E-mail: gomes.rosangell@gmail.com

Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7754-053X

Lattes: http://lattes.cnpq.br/4010191578537878



 

Como citar


GOMES, R. D. Acesso Aberto em Portugal. Ciência da Informação Express, [S. l.], v. 2, n. 6, 21 jun. 2021. Resenha da obra SARAIVA, R.; RODRIGUES, E. Open Access in Portugal. In: ANGLADA, L.; ABADAL, E. (Eds). Open access in Southern European countries. Madrid: FECYT, 2010, p. 83-99. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/66170. Acesso em: 21 jun. 2021.

 

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