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A universidade pode ser justa para todos(as)? uma abordagem envolvendo desigualdade e mudança*

A dissertação de Tales Lemos Moreira, defendida no Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras (UFLA), realiza uma investigação sobre a presença da colonialidade no ensino superior brasileiro, com foco especial no curso de Administração. Intitulada "Colonialidade e Decolonialidade do Saber na Universidade Pública: Experiências de Estudantes de Graduação em Administração," a pesquisa lança luz sobre as experiências de estudantes que são socialmente considerados(as) subalternizados(as) - pretos(as), pardos(as), cotistas e pertencentes à comunidade LGBTQIAPN+ - e como essas experiências refletem a colonialidade e as possibilidades de resistência e transformação no ambiente universitário.

A pesquisa parte da premissa de que a colonialidade, entendida como a continuidade das estruturas de poder e dominação estabelecidas durante o período colonial, ainda permeia as instituições de ensino superior, moldando não apenas as práticas educacionais, mas também as interações sociais dentro das universidades. A Administração, como área de conhecimento e prática, não está isenta dessas influências. Desde a adoção de modelos educacionais euro-estadunidenses, o curso de Administração tem sido caracterizado por uma perspectiva gerencialista que muitas vezes ignora as realidades locais e as necessidades dos(as) estudantes subalternizados(as).


Diante desse cenário, Moreira propõe uma análise crítica que visa identificar e descrever as vivências desses(as) estudantes na universidade, investigando como as dinâmicas de colonialidade se manifestam e como os(as) próprios(as) estudantes desenvolvem formas de resistência. A pesquisa é especialmente relevante em um momento em que as discussões sobre descolonização e inclusão estão ganhando força em todo o mundo, e oferece uma contribuição significativa para esses debates.


A dissertação adota uma abordagem qualitativa, centrada na realização de entrevistas com estudantes de graduação em Administração que pertencem a grupos historicamente marginalizados. Através da análise dessas entrevistas, Moreira constrói uma narrativa que explora as nuances das experiências desses(as) estudantes, revelando como as estruturas de poder e as práticas acadêmicas influenciam sua trajetória educacional.


Uma das principais contribuições do estudo é a identificação de cinco dimensões para a descolonização do saber nas universidades: Desconstrução, Reconhecimento, Representação, Reintegração e Reparação. Essas dimensões oferecem um modelo teórico e prático que pode ser utilizado por instituições de ensino superior para promover uma educação que seja verdadeiramente inclusiva e que valorize os saberes locais e as diversas perspectivas dos(as) estudantes.

  1. Desconstrução: questionamento e desafio à narrativa dominante e eurocêntrica que permeia a história e as ciências.

  2. Reconhecimento: valorização e inclusão dos conhecimentos e saberes das culturas colonizadas e marginalizadas.

  3. Representação: varantia de uma participação equitativa de pessoas de todas as origens e perspectivas na produção e disseminação do conhecimento.

  4. Reintegração: reconexão do conhecimento com suas fontes e comunidades de origem, restaurando sua integridade e relevância.

  5. Reparação: reconhecimento e compensação das desigualdades históricas e sistêmicas causadas pela colonização e exclusão de saberes.


Essas dimensões são articuladas com base em uma análise crítica das práticas acadêmicas atuais e são apresentadas como propostas concretas para a transformação das universidades brasileiras. O estudo revela que, embora existam iniciativas pontuais de resistência e descolonização, elas ainda são insuficientes diante do desafio de romper com as profundas raízes da colonialidade que permeiam as instituições de ensino.


A dissertação de Tales Lemos Moreira é uma trabalho que se insere em um contexto acadêmico e social de grande relevância, contribuindo para o avanço dos estudos decoloniais no Brasil e na América Latina. Ao trazer para o centro do debate as vozes e experiências de estudantes subalternizados(as), a pesquisa não apenas expõe as falhas e limitações do modelo educacional atual, mas também propõe caminhos concretos para a construção de uma educação mais justa, inclusiva e alinhada com as necessidades da sociedade.


Além de sua contribuição acadêmica, a pesquisa tem o potencial de influenciar políticas públicas e práticas institucionais, especialmente em um momento em que as universidades estão sendo chamadas a repensar seu papel na sociedade e sua responsabilidade em promover a equidade e a justiça social.

 

Para ler a dissertação na íntegra acesse:

 

MOREIRA, Tales Lemos. Colonialidade e decolonialidade do saber na universidade pública: experiências de estudantes de graduação em administração. 2024. 102. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2024. Disponível em: http://repositorio.ufla.br/jspui/handle/1/59225.

 



*Texto elaborado com apoio de Large Language Model ChatGPT, e autorizada a divulgação pelo autor Tales Lemos Moreira


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